INCÔMODO
como todos os outros dias de minha vida me sinto alienado... eu sou um alienado... distante da simplicidade natural... das atividades econômicas básicas... das construções técnicas e arquitetônicas necessárias...
essa alienação me entristece... não muito mas ao ponto de incomodar...
para muitas pessoas esse sentimento talvez não exista: tudo se resume em uma só necessidade: ganhar dinheiro; o fato de isso ser artificial e exigir submissão política parece não afetar os caipiras reacionários, mas acho que o povo está muito longe de conhecer a felicidade mesmo que faça propaganda em contrário...
o conformismo da mediocridade é a pior opressão que existe... todos satisfeitos com a televisão, a música, a festa, a bebedeira, a dança, o mercado, o sexo, o trabalho, a hierarquia, o deus cristão, a moral, a família e eu na mais profunda solidão por considerar que tudo ao redor não passa de um mecanismo de persuasão e sedução para afastar meu ser de si mesmo... duvido muito que haja felicidade na ignorância... não é vivendo como todo mundo vive que vou conhecer meu próprio ser...
até que ponto o conhecimento-de-si coincide com a aquisição da virtude que conduz à felicidade? essa é, no meu entender, a questão socrática-platônica fundamental... saber quem sou eu é ter consciência da virtude sagrada que há em mim... essa proposição se depara com uma série de obstáculos, "cascas", obstruções, barreiras, censuras, repressões e obrigações que devem ser superadas para que a proposição não seja uma mera "idéia", mas sim a verdade de minha existência...
vejo os homens e as mulheres vivendo à sombra de muitas ilusões... pensam que são as muralhas, barreiras, obrigações e repressões, e se afastam e se esquecem de quem verdadeiramente são... distantes da própria virtude, não gozam a felicidade... por isso tanta insastisfação camuflada, que explode, cotidianamente, em atos de violência sem sentido...
toda a violência e maldade que os homens e as mulheres cometem, entre si, contra si ou contra a natureza, não é nada mais que um reflexo desse alheamento e ruptura consigo mesmo...
conhece-te a ti mesmo e fazes o que quiseres... sem sabedoria não há liberdade e vice-versa...
saúde & paz
Leandro Pinto
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7 Comments:
Ótimo blog.
Parabéns.
Esses artigos estão ampliando o meu universo musical.
o que é simplicidade natural? é aquela visão pastoral, bucólica, rural, romântica, rústica, selvagem e espiritual que encontramos em certa imaginação literária?
e o que são atividades econômicas básicas? quais são as construções "técnicas" necessárias?
como pode alguém estar "alienado" de algo que nem sabe se existe?
o que significa alienação?
e dinheiro, o que é isso? um símbolo? uma imagem? um número? uma representação de valor? somente obrado retumbante?
como é possivel o insignificante, o ridículo, o nada, o artificial e convencional ser opressivo? o que é conformismo?
o que é satisfação? o que é felicidade?
o que pode ser a solidão? ilusão?
o que é o conhecimento? é possível conhecer? como conhecemos? como sabemos que sabemos que conhecemos?
e o ser, que significa isso? existe ser?
como podemos definir a virtude? o que é uma conduta virtuosa? por que virtude e felicidade estariam relacionadas?
o que é o sagrado? o que define a presença do sagrado? o que é a existência? o que são proposições? o que a linguagem? o que pode ser uma idéia?
em que consiste uma censura? o que é dever e obrigação? por que demarcar um território? por que traçar uma fronteira?
pra que muralhas? e portas? e cadeados? e muros? e algemas? e prisões? e guardas? e juízes? pra que leis? por que leis?
o que é violência? o que é
não-violência?
homens e mulheres existem? o que são gêneros?
há natureza? o que é natureza? existe natureza? pode haver natureza?
auto-conhecimento e liberdade são possíveis? o que é liberdade? por que deveríamos conhecer quem somos? é possível saber o que podemos ser? é possível escolher o caminho do vir-a-ser?
através das palavras sabemos de alguma coisa? o que podemos saber por meio das palavras?
TUDO
ABSOLUTAMENTE TUDO
DEVE SER QUESTIONADO
toma um docim
enfim
zé..
Zés...
Jogue fora, ao menos por um momento,todos os seus livros.
Pare de questionar, ao menos por um momento, e viva todas suas atuais respostas.
Enfim... navegar é preciso. Nada mais é dever.
É bom saber que palavras que me acordam com calor do sono diurno pairam sobre outras cabeças, mesmo que de Zés ou de Leandros!
Congrats!
Pinto para presidente!!!
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